terça-feira, 18 de outubro de 2011

Você é o que você faz


Você é o que você faz

"Se todos os que se propõem a amar entrassem em ação,
este seria um mundo muito melhor.

Diz um velho ditado que quando quisermos de fato conhecer
alguém, deveríamos estar menos preocupados com o que dizem
e mais alertas ao que fazem.

Por isso é que amar é um verbo.

O que vai no interior de nós é revelado pelo que fazemos no exterior.

Se amamos de verdade, como fazer para demonstrá-lo?

Se nos importamos de fato com nossa família, nossos filhos, como manifestá-lo?

Se de fato estamos preocupados com a fome, a pobreza, a solidão, a violência no mundo, como demonstrar essa preocupação?

Se não houver evidência tangível de nosso amor em ação, então é duvidoso que alguém nos ame.

Certa vez me sentei ao lado de um homem num avião que ficou se queixando e se
lamentando durante toda a viagem através do continente.

As aeromoças eram inúteis,

a comida era terrível,

o assento era apertado,

o filme não prestava.

Depois começou a se queixar de questões bem maiores:

o governo era corrupto,

a sociedade definhava,

as pessoas não eram de confiança, etc.

Durante nossa conversa, mencionei que meu interesse era o estudo e o
desenvolvimento do amor entre as pessoas.

E ele, bruscamente: "Fantástico! O que o mundo precisa é de mais amor",
assegurou-me.

Então, sem nenhuma pausa, acrescentou

"É bom saber que ainda existem pessoas como você e como eu que entendem isso."

Leo Buscaglia, do livro Nascido para amar

domingo, 2 de outubro de 2011

Atitudes curadoras

Atitudes curadoras



Entre os babembas, tribo da África do Sul, se uma pessoa age de forma irresponsável ou injusta, ela é colocada no centro da vila, sozinha e solta.

Todo trabalho cessa na comunidade e todos os membros da tribo - homem,  mulher, criança - se juntam num grande círculo ao redor do acusado. A seguir, cada um da tribo fala com ele, um por vez, relembrando as boas coisas que a tal pessoa tenha feito na vida. Qualquer incidente ou experiência que possam ser lembrados com algum detalhe e precisão são relatados. Todos os seus atributos positivos, suas boas ações, sua força de vontade e generosidade são declaradas  cuidadosa e minuciosamente.

Muitas vezes, essa cerimônia tribal dura vários dias. Ao final, o círculo tribal é quebrado e dá lugar a uma celebração de júbilo, e a pessoa, simbólica e  literalmente, é recebida, com boas-vindas, de volta à tribo. Como nós, que nos julgamos evoluídos, precisamos aprender para  chegarmos ao nível dessa tribo! É urgente que aprendamos a praticar atitudes  curadoras. Ninguém deve ser condenado. Ninguém faz o mal porque ama o mal.  As pessoas erram porque são limitadas, fracas, inseguras. Muitos dos nossos erros são reações ao mal que nos fizeram. A compreensão, corretamente manifesta, é um excelente instrumento de cura e restauração.


O grande segredo dessa tribo é hoje uma das verdades essenciais no processo educacional, tanto escolar como familiar. Sem uma palavra de elogio, ninguém tem forças para mudar um comportamento ou corrigir uma atitude.

Quando uma pessoa comete um erro, nada a condena mais do que sua própria consciência. O mais difícil é se perdoar, se aceitar, e redimensionar sua caminhada. As críticas não ajudarão em nada se não forem precedidas de um elogio sincero, honesto, maduro e equilibrado. A crítica pela crítica gera frustração, decepção, desânimo e tristeza. O elogio, quando verdadeiro, injeta o ânimo necessário para que se possa refazer a vida.

Acho que essa deveria ser a maior função de uma família e de uma comunidade: ressaltar os valores! Das críticas e acusações, a sociedade já se encarrega. Existem pessoas especializadas nesse ministério encardido. Mas muitos santos, seguindo a pedagogia de Jesus, especialmente em seus gestos curadores, aprenderam e praticaram o elogio como arma poderosa de cura e restauração.

O elogio não pode ser confundido com a bajulação. Elogiar é ressaltar as qualidades individuais. O elogio precisa coincidir com aquilo que a pessoa já sabe que tem e que está escondido sob a manta do erro. Não adianta querer inventar uma qualidade para elogiar. Nesse caso, esse alguém logo se percebe enganado e fecha-se ainda mais no erro. O elogio será uma linda gota de cura interior quando refletir um valor da pessoa e reanimá-la a retomar esse valor. O elogio é uma palavra de esperança ativa, concreta, possível, realizável.

Infelizmente essa é uma prática tão remota em nosso meio que muitas vezes temos medo do elogio. Quando alguém nos elogia ou elogia nosso trabalho, ficamos com um pé atrás, achando que depois desse elogio certamente virá um pedido de ajuda. Por isso, como atitude curadora, o elogio jamais deverá ser acompanhado de um pedido de favor. Unir os dois é sacrificar um deles. Agora, quando se precisa, verdadeiramente, de ajuda, primeiro deve-se fazer o pedido e então uni-lo com o elogio, para que a pessoa elogiada se sinta determinada a ajudar. Nesse caso o elogio é só uma referência a um valor que o indivíduo tem, do qual você está realmente necessitado.

do livro Gotas de cura interior - Pe. Léo, SCJ - Editora Canção Nova